quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Espinhas



Vi Adolfinho, pernas torneadas, shorts azul

Pedaço de mal caminho, mãos aradas, veio do Sul


Eu esmagaria minhas vis espinhas por um olhar

Rasparia com lixa todas minhas acninhas por um romântico jantar


Lá vem ele, veio me convidar?

“Licença monstrenga, a bola, pode me passar?”


Ai que ódio, ai que desolação nefasta

“Monstrenga é tua mãe e teu pai um pederasta!”


Levei um sopapo, não doeu, mas fiz doer

Arranhei-me no ato e na coordenadoria fiz o caldo derreter


“Não fiz isso tudo” disse ele, negando com lástima ferrenha

Ai, ai, tenho espinhas, sou monstrenga, vingou-me Maria da Penha.


Minha mãe armou escândalo e Adolfinho foi expulso

Me senti rainha, maravilhosa, como é ingênuo esse mundo


Remorso, não o tenho, ele enruga e envelhece

Já não bastam minhas espinhas, se arrepender ninguém merece


Ui, ui, ui, que paixão, lá vem o Serginho, como esse não vi igual

Esse é peixe, mas senão, faço alarde, sou tadinha,ai, ai, ai, sou fatal.


Vinicius Soares

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