quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Conquista amorosa




Flerte, azaração, xaveco, paquera, investida, cantada...
Desde o início do início dos tempos sempre houve
a hora melindrosa da conquista amorosa,
na qual é valioso tudo o que se diz e ouve.

Porém esse momento pode ser bem diferente
dependendo de seu tempo, lugar e espaço.
Exemplo: nosso antepassado homo sapiens sem dente
martelava a cabeça da amada no lugar de flores e laço.

Para os biólogos, a cantada é de "classe":
anatômica, orgânica, animal, alimentar...
- Vamos perpetuar a espécie?
- Claro! Por qual célula elementar?

Para os astrônomos, a cantada é um lapso.
Assim como o big-bang, ele fala a primeira coisa que vem à cabeça.
- Sabia que você é o centro do meu universo?
- Sabia que não é em torno do seu umbigo que a Terra gira?

Para os filósofos, a cantada é supra-sensível.
Ele se enamora facilmente e se desespera.
- O meu amor por você é platônico!
- Se liga! Você ainda não saiu da caverna!

Para quem faz Letras, as cantadas são eruditas.
Elas vêm acompanhadas de teorização máxima.
- Por você eu percorro um Sertão Veredas, eu componho um Lusíadas!
- Sério!? Sob qual paradigma?

Para nossos avós, o xaveco era a moda.
Muito delicado e formal, cordial e polido:
- Vóis sois bela tal qual uma petúnia.
- Rapaz, és muito atrevido!

Para nossos pais, o "da hora" era a paquera,
despojados e sucintos, lá eles estavam cortejando.
- Posso te falar uma coisa? Acho você muito linda!
- Ai, pára! Meu irmão tá olhando....

Hoje, o que se vê é azaração na balada!?
Eras de pós-conquista, épocas de "pegar geral"...
- Gatinha, tu é a mina mais cachorra da balada!
- Demorô, vamo sapecá geral!


4 comentários:

  1. - Gatinha, tu é a mina mais cachorra da balada!
    - Demorô, vamo sapecá geral!

    (o versinho "vem que vem e arrasta ela" se enquadra aqui) rsrsrsrrs

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  2. kkkkkkkkkk é mesmo. Se não fosse tão ridículo seria deprimente... Estamos voltando à era do homo sapiens sem dente:

    - Gatinha, tu é a mina mais cachorra da balada!
    - Demorô, vamo sapecá geral!
    - vai danada, "vem que vem e arrasta ela"...
    - "sou cachorrona mesmo e late que eu vou passá".

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  3. Cara, muito BOM!!!!
    Me divirto lendo a criatividade de vcs!
    Parabéns Suzane!
    Estou cada vez mais fã dos dois!
    Abraços!!!

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  4. Suzane, o professor Helio - Port. IV - nos sugeriu a leitura de "Grunhido Eletrônico" – L.F. Veríssimo. Fala basicamente das mudanças na arte da conquista ao longo dos tempos. No seu texto, foi mais interessante esta comparação, já q fez um mix de termos técnicos, ou seja, as pessoas além de exercerem suas profissões, tb namoram, xavecam, enfim, beijam na bok, mesmo utilizando a linguagem específica do seu campo laboral.
    Show!

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