quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mulher do século XXI !?


Tenho que ser feliz,
saudável, da moda.
Vou ser amada, querida,
ter toda a admiração.

Tenho que ser um avião,
um mulherão, "a" gatinha.
Vou fazer catarse
na esteira da academia.

Tenho que ser inteligente,
disciplinada, paciente.
Vou cuidar para que
meu filho não fique doente.

Tenho que ser loura de cabelo liso,
Victoria Secret, estilosa, badalada.
Vou fazer escova inteligente, definitiva, progressiva,
marroquina, japonesa, árabe, americana,
de chocolate, de morango, de açúcar, cristalizada,
e de outras nacionalidades e sabores...

Tenho que ser boa profissional,
objetiva, instrutora, operacional.
Vou trabalhar, trabalhar, trabalhar,
para pagar as contas no final da semana.

Tenho que ser excelente mãe,
ótima esposa, tchutchuca e "boa de cama".
Vou colocar piercing, silicone, botox,
tomar rivotril, diazepam e dipirona.


sábado, 6 de novembro de 2010

Cocota



Cumé qui é vacilão

Num sô mulé de bobêra

Sô gramurosa, sô partidão

Sô castelão a noite inteira


Cadiquê sô filezona do pedaço?

Purquê os preibói fica na minha

andu di moto suzuqui e carro só Picasso

sô cachorra sô gatinha


Sô purpurinada, sô tudo de bom

Desce e sobe, de ladinho

Só dá eu na Furacão

Sô da gaiola, sô do bonde do vinho



ps.: em homenagem aos funkeiros que se satisfazem fazendo catarse ao som dos pancadões

Dona Augusta


Dona Augusta odiava-se

Por ter nome de rua famosa

Contorcia-se, castigava-se

Motivo de chacota, piada maldosa


Quis morrer, fustigava-se, flagelava-se

Quando a chamavam de mimosa

“É tudo nome de rua!” – dizia-se.

Dona Augusta deprimia-se, andava sempre desgostosa


Um dia, no alto do morro barrento

Dona Augusta resolveu o seu tormento

Exibiu nova certidão de nascimento

“Meu nome agora é Salomé, seus jumento!”


Coitada de Dona Augusta, agora Salomé

“Exegese e hermenêutica? Não sei o que é!”

O povo do morro, irônico e sarcástico, continua a pegar-lhe no pé

"Olha lá Augusta Salomé, nome de rua, dançarina de cabaré!”