sábado, 6 de novembro de 2010

Dona Augusta


Dona Augusta odiava-se

Por ter nome de rua famosa

Contorcia-se, castigava-se

Motivo de chacota, piada maldosa


Quis morrer, fustigava-se, flagelava-se

Quando a chamavam de mimosa

“É tudo nome de rua!” – dizia-se.

Dona Augusta deprimia-se, andava sempre desgostosa


Um dia, no alto do morro barrento

Dona Augusta resolveu o seu tormento

Exibiu nova certidão de nascimento

“Meu nome agora é Salomé, seus jumento!”


Coitada de Dona Augusta, agora Salomé

“Exegese e hermenêutica? Não sei o que é!”

O povo do morro, irônico e sarcástico, continua a pegar-lhe no pé

"Olha lá Augusta Salomé, nome de rua, dançarina de cabaré!”

Um comentário:

  1. A Rua Agusta é uma das ruas mais divertidas que eu já fui... mas nunca fui num cabaré chamado Salomé, não sou muito de inferninhos...

    Boa poesia!

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